PRINCESA SARAH MUBARAK
Um breve sonho
Saudades,
Abelha doirada e oriental, tu ainda zumbes ébria de mel em minha alma, na verdade, tu dormes inapagável em meu inconsciente.
Penso que Sarah é rediviva, pois os seus cabelos da cor do furioso trigo maduro, aqueles caracóis despenteados que emolduravam essa lânguida egípcia, ainda cismam em cavalgar os meus sonhos.
No enigma desse sonho, o sorriso dela se fazia imenso, um verdadeiro oásis verde perdido, onde dormitavam as minhas saudades e as minhas angústias dentro da profunda noite.
No teu corpo ainda tremulavam os caminhos e as trilhas como as do deserto e, a cada colina arenosa, eu vislumbrava como miragem onírica, uma surpresa cheia de remanso e prazer.
Eu ainda continuo aquele ocidental, o teu vassalo e admirador, por isso ainda canto a tua beleza como um trovador medieval solitário e triste, dentro dessa noite quieta e ao derredor da cidade fortificada do meu sonho, solitária e mais quieta ainda.
De repente, eu me acordo e ouço a tua risada fugidia e tranqüila dentro dessa madrugada fria.
Ó desesperada!
Desperta e desce para mim dessa torre de janelas vazadas e escuras que o meu sonho te aprisionou.
Ó indefesa dama!
Ó desesperada Ísis!
Ouve essa minha canção antes que o vento do deserto a leve para os confins daquela tua nômade tribo.
Estes versos desesperados serão modulados numa onda contínua para que, assim possam chegar à eternidade e tu possas escutá-los: Ó Ísis trânsfuga dos meus sonhos!