Versos, versos, e mais versos
É inevitável a inconstância dos meus versos,
já que as palavras me surgem sem controle,
Num súbito impulso irreversível de existência,
encontram o papel e se espalham.
Fazem do nada em branco, o seu abrigo,
E encantam quem escreve, quem lê,
E brigam, entre si.
São tolas, toscas palavras
leigas, eruditas, infantis.
Mas por hora sábias,
tão sábias letras que se condensam ao vento.
Num simples toque da caneta que empunho.
E no passe e repasse da tinta,
vejo do mesmo nada que sou,
que são minhas escritas,
surgir um mundo à parte do mundo;
Entre o garrancho e embaraço das linhas.
Vejo tudo, e mudo, e pasmo,
me surpreendo, ao ver meu mundo descrito
com exatidão de detalhes,aqui mesmo
nesse instante, nessas linhas
que escrevo.