TRANSFIXIANTE FOI O SEU OLHAR.

 

 

 

(Nova versão)

 

 

 

Confesso que foi só por um instante.

Um olhar de soslaio e dirigido na horizontal, elegante e polido, mas foi como um raio às avessas que transfixou o meu de forma inesperada, sem me dar o tempo necessário para revidá-lo à altura.

Havia um propósito bem definido naquele misterioso gesto, pois me deu a impressão de nele estar contido todas as ternuras e todos os desejos inimagináveis e ocultos.

Naquele exíguo espaço de tempo, me foi oferecido uma vinheta de futuros sonhos e uma antevisão do paraíso que quieto, dormitava em seus lindos olhos.

Não soube ou não quis, talvez não tenha podido corresponder, mas o fato é que, a excitação existiu de uma forma graciosa e totalmente cúmplice.

Foi difícil esquecê-lo!

Lembro-me fugazmente do seu rosto, era um tanto jovem, estava envolto e emoldurado por um penteado como se fossem duas meias-luas. (penso que seria um Chanel)

A sua graciosidade estava contida nos trejeitos daquele suave sorriso, aliás, um tanto enigmático assim como todos os sorrisos dessas ocasiões.

Não posso esquecê-lo, deixo isso como uma missão do tempo, pois ele foi bom, instantâneo, tão despretensioso que jorrava de seus finos lábios uma cascata de desejos que discretamente ela ocultava.

A luminosidade e a suavidade dos seus lábios imitavam a de pétalas úmidas, eram anatomicamente bem delineados, sensuais e misteriosos.

Ela tinha a postura elegante de mulher romana, seios fartos, proeminentes e jovens, os seus cabelos eram lisos e mesclados de mel, sedosos, penteados e preparados talvez em busca de uma furtiva carícia.

Durante a noite entre drinks e conversas, apresentações e olhares, eu não a vi mais.

 

 

 

Bauru – SP maio 2001.

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 22/03/2008
Código do texto: T911998