A bênção do Pai
Quando vejo este céu cinzento,
repartido em brancos veios e,
por depredação, teus galhos secos,
que ainda servem à erva hospedeira
e ao ninho vazio do João-de-barro,
abrigo-me em ti
e em silêncio admiro-te a lição.
Quando teus galhos cortaram
e nada pudeste fazer
os pássaros que ali cantavam
andaram por eles emudecidos,
derrubados sobre o chão,
velando teu sono de árvore e agradecendo
em nome do Pai, tuas flores
de profusão branca e rosa,
não belicosas.
Com tua paina encheste travesseiros
de leveza e de paz.
Por que te perseguem ninguém sabe,
talvez porque teu fruto não seja suculento,
tua utilidade não seja renda de vulto.
Agradeço-te o sonho que hoje me despertou,
aonde vinhas a minha janela e sacudias tuas
folhas finas, de róseo marrom, recém nascidas,
transmitindo-me que o ciclo da vida recomeça
onde um dia terminou.
Hoje sei a que veio e a que vim.
Com tua existência e transformação
forneceste-me mais que encanto e beleza,
me deste a poesia da natureza.
Linda Paineira, me deste a bênção do Pai.
~*~
Imagem do google: benvindap.blogspot.com (flor da paineira)