"Saudade"

Minha voz, que mesmo rouca, clama: o afago de poucas horas vivido.

E que na mudez inconsciente despe seus desejos mais recônditos. Dos gemidos aqui reclusos, emanam sensações mil. Ah! Não sei se suporto a presença ausente ou se compadeço da ausente presença que em ti se faz.

Olhar-te apenas é penitência demais; não tocar a face daquele que me põe em sandia desenfreada é padecer na loucura e no devaneio enviesado pelo incontrolável impulso de te devorar completamente.

Mesmo que, em face de tal descontrole, eu consiga ter a sobriedade de amanhecer e ainda assim sentir-te em mim, como naquela tarde de agosto, recostado em meu peito, amando-me silenciosamente, como se anunciasse saudade eterna.

Em respeito ao sentimento egoísta que me domina, reservo-me o direito de não contradizer tudo aquilo que – ainda – sinto por ti.