COMO EU TE PRESSENTIA!
O meu coração, hoje eu tenho a firme certeza, há muito já te pressentia, pois quem me alertava disso era a minha alma, que assim palpitava e te buscava desde outrora, talvez até antes de existirmos como eventos físicos e individualizados.
Por isso, quando eu me recolhia aos ensimesmados monólogos, experimentava aquele pressentimento de espera, e assim, achava com muita convicção que um dia tu irias chegar.
É verdade que agora este meu coração vive aos sobressaltos e, quando estou só, ele passa a murmurar com saudades de ti.
À noite, em minhas preces, eu te chamo para quem sabe, por obra de uma magia, despertar junto contigo assim quando a aurora invadir a minha janela.
Enfim, a tua alma chegou no dia sete de novembro, numa dessas tardes alvissareiras que cobriam os meus olhos que já se achavam cansados.
O nosso encontro foi envolvido por uma aura mística, de fato, pois nos conhecemos defronte um rústico campanário do interior e, depois, entrelaçamos definitivamente as nossas almas nas montanhas, onde se esconde a gruta da Serva de Deus Albertina.
Ó quanta alegria!
Pois eu havia te pressentido, tu eras real e para mim tu graciosamente sorrias.
Depois que tu surgiste através daquela janela perdida do mundo, as nossas almas passaram a se amar, assim como eu creio que se amaram outrora.
Assim que sentimos aquela química corporal e anímica, na verdade, uma reação em efervescência, era a combinação sagrada de nossas vidas, pois dali em diante, nós passamos a viver os belos momentos nas verdejantes montanhas e, aos domingos, na praia a observar entre um beijo e outro o horizonte azul e infinito.
Acredito que nada há de nos quebrantar, pois viveremos os nossos lindos dias como se fosse um sonho, numa ilha perdida, bela e florida onde o sol também nos sorrirá.
Mas como o tempo não passa porque, na verdade, somos nós que passamos por ele, assim um dia, nós seremos apartados desta vida pelas próprias forças da natureza que nos fez nascer.
Eis o afã da vida.
Quando isso ocorrer, não chores minha linda, pois ao te ver chorar na minha partida, a minha alma numa estrela “Aldebarã” convertida, descerá num dégradé em escalas de luzes para de mansinho te beijar e confortar.