OS LOBOS E OS BURROS
E caminhavam dois burros, em plena Idade Média: um com carga sectária, e o outro, carregado de dogmatismo.
Indo eles pelo caminho, depararam-se com lobos travestidos de ovelhas, os quais, sem aliviar suas cargas, repartiam-nas com outros burros, que se acotovelavam ao largo da estrada, enquanto aguardavam as suas vezes de enfrentar a tortuosidade estreita de um utópico destino.
Nesta linha de direção, os ditos lobos, numa frenética tentativa de persuasão, prometiam aos burros, depois da labuta daquela viagem, matar suas sedes com a concretização de fábulas “quimeramente” fantásticas (que saem absurda e completamente da razão e do bom senso), bem como, prometiam também, o deleite eterno de seus esperados descansos.
Oh! Caminho árido e espinhoso! Será que os “impecáveis” distribuidores dos fardos beberão com os burros a água acumulada da tão esperada cocheira, a qual foi prometida para o final do percurso?
Isso ainda é uma incógnita!
Neste Período Medieval, o misticismo imperou em detrimento da própria concepção da razão, pois sabe-se que, naquela época, restava somente aos burros manter ocupados seus lombos, na árdua tarefa de aceitar, resignados, o término já delineado do rumo minuciosamente traçado para cada um deles, sendo que os lobos, com peles de ovelhas, continuaram manipulando, cautelosa, dissimulada e interessadamente, sem peso algum na consciência, os seus particulares destinos.
Obs: qualquer semelhança com a contemporaneidade é mera coincidência!