Natal - O Banquete dos Infelizes
Preparo um novo banquete
de um Natal real e raro
Sem enfeites ou presentes
nessa festa de aniversário
O homenageado está
há milênios distante
Não sei se ausente
Não sei se por perto
Mas o relembro em silêncio
e visito seus convidados
Os mendigos nas calçadas
com suas mãos suplicantes
Os doentes nos hospitais
e as famílias desamparadas
As crianças abandonadas
com seus abraços ansiosos
Os que perderam a esperança
náufragos da dor e céticos
As mães que perderam os filhos
Os cegos de luz, e os de espírito
Os privados de movimentos
Os que lutam por mais um dia
Os velhos povoados de asilos
Os fetos abortados e perplexos
Os habitantes dos hospícios
Os que sucumbem nos vícios
As meretrizes que padecem
por trás dos seus sorrisos
Os que perderam os sonhos
Os que perderam um amor
Os esquecidos pela sorte
Os que buscam alívio na morte
O banquete é dos mais simples
Levo somente pão e vinho
E o que de mim oferto
Meus olhos infelizes
mas vazados de carinho
Minha alma de matizes
Meu coração dolorido
E mãos plenas de afeto.
Claudia Gadini
24.12.2005