LUZES NAS TREVAS
Quando nasci fui luz...
Sei que fui.
Pelas reminiscências de auroras musicada por trinados azuis...
E pelas saudades que guardo dos entardeceres tingidos de róseas ternuras...
Vivi dessa luz em prolongadas Primaveras, sem picos de Verão, nem gelos de Inverno -
só tépidos afectos, temperados de amor.
Depois, cresci...
Abruptamente, o vento trouxe o Outono e cortinas de noite fecharam-me a luz! E o que restava dela, da luz própria que eu fui, esgotou-se na procura da sobrevivência, nos meandros do labirinto onde tropecei...
Mas... nem o dia, nem a noite têm permissão de permanência, e nada nesta vida é definitivo e absoluto.
E, quando a minha luz ameaçava extinguir-se na corrente inexorável de ar frio, eis que me nasce uma Luz!
Tão vívida e clara, que ofuscou as tremeluzentes trevas em mim!
Tão quente, que adoçou o meu frio e me desvendou o escuro incógnito!
Alimentei-me dela, vivi por ela, e, num crescendo de Vida, ela repetiu-se em mim, mais uma vez, e ainda mais uma vez!!
Fui três vezes Mãe, três vezes fui centelha do Amor maior...
E três círios suspensos em candelabro de cristal fino iluminaram-me a vida, abriram-me as sombras à luz de manhãs pintadas de orvalho...
Mas, numa esquina mais agreste do meu caminho, uma das minhas três Luzes partiu-se:
Caíu-me das mãos, humanas e imperfeitas, incapazes de suster a leve transparências das asas de um Anjo...
Perdi uma das minhas Luzes...
Perdi-me dentro da minha dor...
E a escuridão da minha saudade reflectiu-se, inteira, na opacidade do meu olhar...
Salvou-me, então, o clarão fulgente das duas Luzes que me ficaram!
Apagaram-me as sombras, devolveram-me a claridade, decompuseram-se, só para mim, em arco-íris de mil cores, através do cristal das minhas lágrimas...
E a minha alma sobreviveu milagrosamente, mesmo mutilada, mesmo decepada, assim, sem um terço de si!
Sobreviveu e viveu, e deu de si a luz que era a luz reflectida das suas Luzes vitais...
E, aos poucos e poucos, o terço negro do seu todo revelou-se em Luar...
Luar de áurea brancura, diáfano, celeste, divino...
Luar de Anjo de Luz, que não ofusca... envolve, protege, aquece e revela a eternidade de um Amor...
...O Amor de Mãe...
Quando nasci fui luz...
Sei que fui.
Pelas reminiscências de auroras musicada por trinados azuis...
E pelas saudades que guardo dos entardeceres tingidos de róseas ternuras...
Vivi dessa luz em prolongadas Primaveras, sem picos de Verão, nem gelos de Inverno -
só tépidos afectos, temperados de amor.
Depois, cresci...
Abruptamente, o vento trouxe o Outono e cortinas de noite fecharam-me a luz! E o que restava dela, da luz própria que eu fui, esgotou-se na procura da sobrevivência, nos meandros do labirinto onde tropecei...
Mas... nem o dia, nem a noite têm permissão de permanência, e nada nesta vida é definitivo e absoluto.
E, quando a minha luz ameaçava extinguir-se na corrente inexorável de ar frio, eis que me nasce uma Luz!
Tão vívida e clara, que ofuscou as tremeluzentes trevas em mim!
Tão quente, que adoçou o meu frio e me desvendou o escuro incógnito!
Alimentei-me dela, vivi por ela, e, num crescendo de Vida, ela repetiu-se em mim, mais uma vez, e ainda mais uma vez!!
Fui três vezes Mãe, três vezes fui centelha do Amor maior...
E três círios suspensos em candelabro de cristal fino iluminaram-me a vida, abriram-me as sombras à luz de manhãs pintadas de orvalho...
Mas, numa esquina mais agreste do meu caminho, uma das minhas três Luzes partiu-se:
Caíu-me das mãos, humanas e imperfeitas, incapazes de suster a leve transparências das asas de um Anjo...
Perdi uma das minhas Luzes...
Perdi-me dentro da minha dor...
E a escuridão da minha saudade reflectiu-se, inteira, na opacidade do meu olhar...
Salvou-me, então, o clarão fulgente das duas Luzes que me ficaram!
Apagaram-me as sombras, devolveram-me a claridade, decompuseram-se, só para mim, em arco-íris de mil cores, através do cristal das minhas lágrimas...
E a minha alma sobreviveu milagrosamente, mesmo mutilada, mesmo decepada, assim, sem um terço de si!
Sobreviveu e viveu, e deu de si a luz que era a luz reflectida das suas Luzes vitais...
E, aos poucos e poucos, o terço negro do seu todo revelou-se em Luar...
Luar de áurea brancura, diáfano, celeste, divino...
Luar de Anjo de Luz, que não ofusca... envolve, protege, aquece e revela a eternidade de um Amor...
...O Amor de Mãe...