BILHETE ÚNICO...

Ninguém acreditaria...

Mas houve um dia,

No qual tranquei um bilhete antigo,

Na minha gaveta dos inusitados.

Nunca jogo nada fora,

Porque sempre há utilidade

Ainda que seja para o mofo das ruínas...

E aquele bilhete, eu sei...

Mesmo amarelado,

Ocultava o destino nunca exposto

Das viagens que a vida nos propõe a fazer.

Hoje eu o toquei, quase sem querer.

Estava mudo do tempo...

Mas me abriu passagem

Para o destino dos versos.

Eu nunca jogo nada fora.

Porque mesmo as ruínas...

Podem significar caminhos.

Alimentam as bocas sedentas

E apaziguam os corações inquietos...