A Médica
Algumas cabisbaixas cabeças apoiadas em mãos sofridas fitam no piso figuras geométricas.
Os repetidos desenhos em série infinita inebriam as retinas que no afã de vêem tudo não vêem nada.
Noutro canto, bocas tagarelas aliados a gestos frenéticos discutem assuntos diversos.
Ao fundo uma criança chora um choro entrecortado pelo nino da mãe.
Um velho cutuca com a ponta da bengala uma mancha num sapato gasto.
Na parede um antigo relógio marca horas novas.
Uma porta se abre...
Instantaneamente a réstia de sol ilumina o corredor do amplo salão.
E no momento seguinte ela surge banhada de luz...
Roupas alvas, cabelos negros, e o som de um salto alto a tinir ritmicamente denunciam coreografados passos....
Por um instante, olhares perdidos a encontram, cessam as prosas, a criança aquieta, uma bengala repousa... Só o relógio desobedece, refém do tempo, destoa...
Com sorriso nos lábios e ao som de um bom dia a vida recomeça...
Não como antes, no meu canto, com corpo febril... agora doente de amor por ela... balbucio... bom dia!