Reencantamento do amor
Reencantamento do Amor
Prosa Poética
Mundo dilacerado por competições, divisões e dores...
Pessoas omissas, mergulhadas no seu “eu”, ao deixar
marcas em si e nos outros, de um individualismo doentio...
Ações inconseqüentes que geram seres humanos sem identidade,
rotulados aqui, ali, em toda a parte maltratados...
Amor sem sentido, desgastado na família, nas relações sociais e no trabalho. Geração de sentimentos frágeis, fugazes e, cada vez mais, o homem voltado para o seu próprio mundo... isolamento e crises existenciais... Casais que se dizem amar, mas em nome do amor praticam as ações mais atrozes. O que se vêem são sentimentos magnetizados, efêmeros, vazios de ternura e a prática descontrolada do sexo sem nexo... O amor é usado para mascarar os atos libidinosos esdrúxulos, em ações pseudo-amorosas... sem afeto e acolhimento...
E, quando esse amor se faz presente em práticas desveladas,seus autores apresentam-se para todos como paladinos da liberdade e da modernidade. Isso porque não penetraram ainda a essência do amor em toda a sua profundidade. Relações frias, cumplicidade comprometida são resultado dessa visão canhestra do amor.
É preciso reencantar o amor... Hoje, agora...
Reencantar o amor é enxergar além do que os olhos da face vêem; é ver o invisível. E o invisível só se vê com os olhos do coração.
Reencantar o amor é praticar o exercício da escuta para ouvir o inaudível e encontrar no inaudível uma sinfonia de vozes...
Reencantar o amor é despender calor humano através do toque afetivo, da atenção cuidadosa.
Reencantar o amor é deixar que os relacionamentos íntimos floresçam para espargir seu perfume entre vidas, dentro do respeito às convicções de cada um, às suas escolhas e aos seus
mandamentos.
Reencantar o amor é encontrar-se no outro e encontrar também o outro nos seus sentimentos mais sutis e profundos.
Reencantar o amor é conceber a emoção como manifestação do corpo e do espírito, numa bela e divina comunhão.
Reencantar o amor é saber controlar os impulsos para trazer a paz e a calma ao coração angustiado.
Reencantar o amor é contemplar a vastidão do espaço infinito em uma noite de luar para “ouvir e entender” estrelas.
Reencantar o amor é ter ouvidos para ouvir o barulho das águas de um riacho, escorrendo pelos seixos e, ouvir também, o doce cantar de um rouxinol, num dia ensolarado de verão.
Essa chama humano-divina que se mantém acesa dentro de todos nós reverter-se-á na empatia de que todo relacionamento humano não pode prescindir.
Assim, seremos capazes de compreender esse universo de carência, de dor, de angústia, mas de amor sem pressa, de entrega deliberada, de interações sem reservas que vivem no nosso coração e na nossa mente. Em assim fazendo, estaremos promovendo o reencantamento do amor, com a mente serena.