Peça em quase quarenta e cinco pontos e algumas vírgulas.
Pronto. Tema. Alcançando o sonho. E andando entre algumas folhas já secas e tão pisadas e parece que foram pisadas pelos mesmos pés tantas e tantas vezes. A ansiedade bate o coração numa vontade quase louca de chegar. Música. Qualquer som de violões, violinos e algumas palmas. Luz. Sem luz. Só os olhos iluminam o caminho estreito dando a sensação de um luar um pouco encoberto por algumas nuvens de tom cinza ou azul mesclado. Azul sempre combina com sonhos. Lento. Ou. Pausado. Os passos entre plantas e pedras pequenas. Cuidado para não tropeçar. Uma coruja avisa que o caminho é longo embora pareça perto, parecendo ilusão. E volta a música, agora, mais alta e descompassada. Ensaia alguns passos numa dança qualquer e agradece aos vaga-lumes estroboscópicos e se imagina no Municipal entre orquestra e a cantora lírica muito gorda soltando alguns agudos. Tambores. Parece estar no caminho errado. Pára e analisa os sapatos um pouco manchados pela lama e algumas folhas secas. Continua. É o caminho. O cansaço aparece trazendo desconforto e a vontade de desistir, mas a música chama seu nome e algumas mariposas cutucam os ombros rindo fraquezas de quase chegar e desistir. Voz de lamento. Parece que alguém chora e chama e espera. Anda com alguma coragem de chegar e descansar por dias só olhando o fogo e algumas piruetas de algum inseto perdido entre as labaredas. Agora já se vê um vulto de luz vermelha meio amarela à frente. Cor de fogo. Sente o corpo mais quente e pressente estar quase chegando e continua arrastando as pernas entre as folhas secas. Coro de vozes. Luz carmim. Cor de Chuva. Chega já sem fôlego, quase cansa demais. Senta num tronco perto do fogo e sorri. Massageia os joelhos e os pés, agora fora dos sapatos. Tira algumas folhas secas grudadas na calça e as joga no fagueira. Sinfonia. Violinos em “allegro”. Vozes de mulheres rezando uma ladainha. Um grande sorriso enquanto a luz diminui. Cai o pano.