O MEU AMOR VOLTOU

Evaldo da Veiga


Ela chegou e da sala foi para a cozinha, parece que nunca se foi.
Mas um movimento diferente, o olhar no chão...
O que foi amor? - perguntei levantando o seu rosto....
Lágrimas nos olhos, sem alterar a beleza de uma imagem de amor.
- Não diga nada meu bem, a vida a dois não depende de explicação...
Mas se quiser dizer, diga por dizer...
Sei que desejas algo de mim, e para deixá-la bem à vontade,
digo que desejo tudo de ti, assim com foi sempre.

Minha salvação está pertinho, é você. Quanto você foi embora
tua presença permaneceu nas cores do teto, nas paredes, e
no cheiro dos nossos lenços; assim, jamais fiquei sem você.

Não, não explique nada, não foi abandono, você somente se foi...
E voltou amor, voltou pra nós dois.
Permaneço naquela minha fé Santa e Pura, de que no amor
é o corpo que atende aos desejos da alma,
e que a alma goza através do corpo, pois a alma não goza sozinha.

Em sendo assim amor, já dissemos tudo nesse teu lindo silêncio.
Abraça-me de novo, como se fosse à primeira vez,
com esta tua virgindade que se renova sempre.
És pura, virtuosa, uma Santa em teus momentos de desjo...
Em sendo assim, fazes o que o teu corpo pede, 
e ele sempre pede um pouco além...
E é por isso amor, que ofertas um gozo tão límpido e intenso,
transformando o homem em nada além de um simples animal,
carinhoso e meigo, que vive somente o amor...

Imagem: Tela do Leonardo Da Vinci

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