MEUS CAMINHOS

Apeia, apeia! Gritava meu irmão que tem nome de médico grego.

E continuava a gritar:

Apeia! que o burro é brabo!

A voz me vinha distante,

chegando como um recado do vento,

um sopro meio ondulante...

e nessa lonjura de diálogo tenso,

o jumento corria mais.

Eu me vi numa situação sem jeito.

O espinheiro chegando perto

e eu não conseguia parar o burro vingativo e esperto!

pois não sabia se o certo era hiiii! ou tsts...

Nessa peleja desmedida

eu fazia os dois ruídos,

confundindo o bicho e pensei: Tô perdida!

Quando a tragédia estava prestes a acontecer,

em poucos segundos que me pareceram vidas,

e eu me vi com o rosto esfacelado...

Tive a certeza que não mais veria o amanhecer.

O temor de ficar desfigurada

gelava até meus ossos

e todos os nervos do corpo pareciam endurecer.

Fiquei angustiada!

e pensei: meu irmão morreria de remorsos!

Mas o burro de repente parou, assim... do nada.

Baixou o pescoço e foi simplesmente...

Comer arbustos suculentos do chão, que demente!

Eu que já estava quase conformada

a viver uma vida penalizada,

não esperei aquele comportamento abrupto

e passei direto pela sua cabeça de burro

me esfacelando no chão!

Deu-me uma crise de riso

daqueles que não entendemos a razão

e rolei de rir naquele barro vermelho e cheiroso...

Nunca mais esqueci esse evento horroroso.

Que considero um momento terroso!

Onde o esperado foi totalmente inesperado,

bom, mas doloroso!

Dedicado ao meu amado irmão Galeno Garbe!

Te amo D!!!