Passíveis
Tracei com o olhar o teu rosto no espaço e fechei os olhos prá te absorver, e perdi a conta de tantas estrelas que caíram no caminho do alvorecer e deixei de sonhar prá que jamais a fumaça dos sonhos apagassem teus traços, teu semblante tão cheio de mistério, de pura magia que me fizera crer que eras eterno... mas tão passível de fuga era o teu corpo, tão passível como o meu e fugíamos um pouco a cada dia, e o que havia entre nós foi se estendendo, se desdobrando sobre nossas formas cada vez mais sinuosas, nossas luzes se apagando, se acendendo, uma chuva de pirilampos inundando nossa esfera a se romper espuma, deslizando cada vez mais branco nosso alcance furta-cor, respirando um ar viciado no nosso delírio, num puro contentamento de sonho de vida, de vida de sonho, estranhamente mortais, vivendo cada vez mais frágeis no perigo do esquecimento... mas prá não te esquecer escrevi o teu nome no avesso da pedra, na asa de um pássaro guardei o segredo e lancei em degredo a tua alquimia.