Musical


Quando não mais suportas o teu próprio peso e resolves descer, molhando as nossas ruas, tamborilando no nosso telhado, enchendo e transbordando rios, nutrindo a lavoura ressecada pela inclemência do sol, eu me pergunto:
  Quem te ensinou tão linda melodia que encanta e embevece a minh'alma? 
Às vezes eu imagino que os grandes artistas da arte musical, antes de comporem as suas canções, tomaram aulas contigo. Deitaram-se silenciosos e circunspectos, audição atenta ao teu desempenho e captaram as entonações para os seus concertos. Momentos há em que te assemelhas ao balido das ovelhas perdidas. 
 Um canto que mais se assemelha a um pranto aflito. 
Em outras ocasiões lembras-me a fúria dos vendavais assoviando pelas frestas das vidraças, surpreendida pela altivez do barítono que as estilhaça.
Hoje, entoas lá fora, a tua melodia só para mim. Ela se chama saudade! 
As suas notas são perversas ao meu coração que, solidário a ti, verte calado um pranto que é só meu.
Ainda assim, sou grata a ti pela visita que me fizeste pois lembraste-me que ainda estou viva, que ainda sei te escutar e te entender!
Beijo-te irmã chuva .A tua face molhada, às vezes cansada e incompreendida, que segue altaneira cumprindo o teu ciclo na vida.


Linda noite manhã....PAZ!

Imagem do site google
http://atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/2006/04/chuva.html