SOLDADOS CRIANÇAS
Mais um jovem não verá o amanhã.
Um disparo se ouviu
estava só e caiu.
morreu no Vietnam.
Porque lutava?
Não sabia.
Foi recrutado certo dia
e para a guerra o levaram.
No calor da luta chorou como criança,
esse jovem cheio de esperança.
- Porque o trouxeram?
- Porque o mataram?
- Por ódio?
- Não, ele não odiava ninguém...
- Por medo?
- Não, ele era de boa índole...
O pobre menino que sorria e cantava
na guerra que não era sua encontrou seu fim,
morreu longe de casa como soldado no Vietnam
e jamais verá o amanhã...
Como ele, chora também o seu assassino
porque matou um menino
embora crescido e maltratado
com fantasia de soldado.
Chora talvez o fim de uma esperança,
ele que também é quase uma criança
que a guerra arrastou para os campos de batalha
onde soam os cantos sinistros da metralha..
Por dever lhe revista os bolsos.
Um cartão perfumado
que, em letras bem desenhadas,
continha talvez notícias da namorada,
fotografias diversas e mais
uma carta da mãe ao seu menino soldado
exortando-a ter fé, a esperar pela paz,
para que volte enfim para o seu lado,
o que não acontecerá,
nunca mais...
Chora mais ainda o guerrilheiro forte
acostumado a enfrentar a morte,
a correr pelos pântanos, enfrentar perigos,
ao lembrar que vive só, que não tem amigos...
Ele também tão menino ainda
mas que já tem a sua namorada
e hoje com essa guerra infinda
perdeu tudo, não possui mais nada...
Ante aquele corpo sem vida ali no chão
chora o guerrilheiro a morte do irmão
nascido de outros pais em outra nação.
Chora o fim da ilusão, da esperança.
Chora o menino homem guerrilheiro
chora o soldado que virou criança...