Atravessei o portão com a avidez dos infantes. Senti vertigem, girei em mim com a realidade das coisas como se fosse náufraga num oceano de recordações. Peregrina, em busca de imagens em preto-e-branco, guardei as ondas na inquietação do olhar e recolhi as âncoras que me fundeavam ao cais nostálgico de algumas impressões. Passos entre esquecimentos. Tropeço na realidade à margem da narrativa. No horizonte, o mar é uma alegoria entre a geografia de pedras. Sem consciência, percorri as primeiras distâncias cadenciada com o badalar dos sinos até me perceber concreta entre a realidade das sombras. No centro da praça, entre a Igreja Matriz e um portal aquarelado com as cores de outono, senti um arrepio de tempo sedimentar minha existência com raízes reencontradas. Mas não consegui decifrar a metáfora plural dos galhos nus que se prolongavam no céu e sombreavam minhas emoções derramadas no chão com a primitiva intenção das sementes.