(A PROSA POÉTICA)

Danço conforme o balanceio

da poeira

Arrasto as solas dos sapatos gastos

que colocam os meus pés

em contato

com o pó desta estrada

Junto-me a uma tribo noturna, notívaga

que como eu não suporta

os raios flamejantes das manhãs

Adoramos o negror da paisagem

ali parada para ser admirada

Peço fogo àquela garota

Ela me empresta o seu isqueiro vermelho

Acendo o meu charuto ambulante de camelô paraguaio

E saio divagando em busca da palavra definitiva

Todavia, não vejo nenhum sinal, pista,

nenhum vestígio

de certeza absoluta

que venha responder as nossas tolas expectativas

e criar, sobretudo, perspectivas

Aqui estamos balbuciando,

conversando, confabulando confidências

até chegar a um denominador comum

No entanto, eu, saturado saí da sala-de-estar

dispensando comentários alheios que não levam a lugar-algum.

FELIPE REY

Felipe Rey
Enviado por Felipe Rey em 25/02/2008
Código do texto: T875053