(A PROSA POÉTICA)
Danço conforme o balanceio
da poeira
Arrasto as solas dos sapatos gastos
que colocam os meus pés
em contato
com o pó desta estrada
Junto-me a uma tribo noturna, notívaga
que como eu não suporta
os raios flamejantes das manhãs
Adoramos o negror da paisagem
ali parada para ser admirada
Peço fogo àquela garota
Ela me empresta o seu isqueiro vermelho
Acendo o meu charuto ambulante de camelô paraguaio
E saio divagando em busca da palavra definitiva
Todavia, não vejo nenhum sinal, pista,
nenhum vestígio
de certeza absoluta
que venha responder as nossas tolas expectativas
e criar, sobretudo, perspectivas
Aqui estamos balbuciando,
conversando, confabulando confidências
até chegar a um denominador comum
No entanto, eu, saturado saí da sala-de-estar
dispensando comentários alheios que não levam a lugar-algum.
FELIPE REY