NÓS E AS BORBOLETAS

Quando por força dos teus deveres pofissionais te ausentavas por uns breves dias, mas que para nós eram longos, num desses teus retornos, atraídos pela aragem leve que soprava, com o meu braço no teu, fomos sentar a sombra da velha e farfalhante mangueira do nosso quintal. E ficamos assim a conversar, a sorrir, quando duas borboletas que esvoaçavam próximas pararam no ar como se estivessem a se beijar. Sorrimos um para o outro, tomados pelo mesmo pensamento. Nós dois pareciamos com as borboletas. Estávamos sempre a trocar beijos.

Súbito, um pensamento acudiu-me a mente. È que entre nós estava se formando um dilema, e a continuação deste p muita coisa poderia modificar, o que por nada deste mundo queriamos que acontecesse. E num daqueles meus impulsos que te levavam a afirmar que eu parecia uma criança, falei quase tomada de pressa;

- Sabes de uma coisa? Quanto aquele assunto que bem sabes qual, que seja solucionado da maneira que desejas.

O teu olhar cheio de surpresa pousou em meu rosto. E após um breve silencio indagaste

- Tens certeza?

- Absoluta! foi a minha pronta resposta

Ainda hesitante, pois até entao eu me mostrara irredutível, mais uma vez insististe

- E não irás guardar mágoas de mim?

- Como posso guardar mágoas do melhor marido do mundo?

Novamente me contemplaste, e puxando bem para junto de ti, falaste entre a emoção e o amor

- Noso filho tem que parecer com você. Tem que ser igual a você. Todinho como voce. Só você,,,. você...

Eu estava a esperar o nosso primeiro filho. E por minha vez protestei

- Nada disso. Nosso filho tem que parecer com você. Tem que ser igual a voce! Todinho como você. Só você... você, você...

E caindo em teus braços mais uma vez as borboletas foram imitadas.

Marria Amélia