Oferenda

Uma profusão de sentimentos me alcança,

Num primeiro olhar, avisto-lhe, anjo, mito,

Com um ar alado, parece habitar num jardim,

Lá, se revela sublime, sem medo de ser quem é...

Aproximo-me, em meio à curiosidade, o temor, ouso falar,

Falo baixinho, não há resposta, escondo-me, mas sei que me vê...

Aos poucos mostro minha face, crio coragem, falo-lhe mais,

Arrisco a elogiá-la, novamente, sem resposta, sinto medo.

Brilho, em suas brincadeiras e ironias,

Encanto, com suas poesias surpreendentes,

Realidade, com suas angústias e tragédias,

Parece-me ser todas elas, não sei quem ela é...

Ela resolve aparecer... Mostra-me um pouquinho de si,

Como num olhar talvez, vejo sua beleza, que está além,

Compará-la a um mito talvez tenha sido meu maior equívoco,

Ela é humana, em sua beleza, tristeza, alegria, poesia...

Simplesmente pura, singela, complexa e indomável,

Pureza, que não tem medo de revelar sua fraqueza,

Ela se mostra verdadeira, percebo que pode ser alcançada...

Neste momento, me vi alcançado por uma luz...

Não pude controlar, e se tivesse controlado,

Estes versos seriam apenas lamentos,

Sei o risco, mas me permito tentar alcançá-la,

Encostar-se a tua mão, tocá-la ainda é sonho, desejo...

Não quero acordar, por enquanto,

Talvez seja providencial para um encontrar,

Não tenho mais medo, um sentimento bom, que é signo

da mistura de infinitos sentimentos, é o que fica...

Ela está aí, inalcançável, sublime, dona de si,

Estou aqui, tentando me encontrar, quero ser mais verdadeiro,

não posso perdê-la de minha vista, encanta-me, a admiro,

não quero me curar deste encanto, em meu momento não é tempo para as lágrimas....

A ti, ofereço minha fraqueza, no momento, tudo o que posso oferecer.

Leandro Neres
Enviado por Leandro Neres em 24/02/2008
Código do texto: T873079