Tento traduzir escrevendo o que sinto... Sonhei um dia viver um grande amor, como qualquer ser humano... Sem príncipes, castelos... Na verdade nunca quis ou esperei ser salva. Tive e tenho vontade própria... Não me basto porque necessito das pessoas que me rodeiam: do carinho, afeto, atenção, beijos, abraços...Com o tempo fui aprendendo a complexidade de se encontrar o que antes considerava simples, inato.Aprendi que a forma mais fácil de expressar o amor é através da amizade. Nos caminhos que trilhei, deixei pessoas que acrescentaram muito, guardo-as todas no coração e nas lembranças. Quando as reencontro, sinto-me fortalecida pelo afeto que recebo... A sensação é a de que nunca nos afastamos. O mesmo carinho, a alegria do reencontro, a simplicidade que traduz o verdadeiro sentido de uma amizade.Mas, como mulher e humana, também desejei encontrar um amor que me fizesse sentir viva que fosse capaz de partilhar caminhos, que seguisse ao meu lado... Nem em frente, nem atrás... mas, ao lado.Queria diálogo, cumplicidade, companheirismo. Nunca me preocupei com bens materiais e acreditei mesmo que juntos, próximos, esse amor seria capaz trilhar todos os caminhos. Também não tinha medo da dor, acreditava que em qualquer circunstância, se estivéssemos juntos, seríamos capazes de solucionar com tranqüilidade tudo o que acontecesse.Penso que meu sonho, não é um sonho isolado. Digo sonho... Por que na verdade não encontrei o que buscava... E afirmo não ser isolado, porque observando e percebendo as pessoas, sinto que a busca é a mesma.Todos querem ser amados, mas não sabem como. Perderam a confiança nos outros, em si mesmos, têm medo do que sentem, têm medo de se entregar. Atendendo aos apelos da mídia, à valorização da beleza e do corpo, aos desvios da sexualidade, acabam criando uma redoma em torno de si mesma. Querem ser amados, precisam de companhia, mas não têm tempo... Para ouvir, para perceber, para sentir...O resultado disso talvez possa ser percebido nos sites de relaciomentos. Não há cumplicidade, emoção ou amor. Nem mesmo o respeito que se deveria ter com alguém que ainda não se conhece. Tornamos-nos rostos em fotos frias e sorridentes, e somos capazes de ouvir as mais rudes cantadas. Querem nossa intimidade, sem envolvimento. Falam de amor, como se conhecessem o significado. Buscam uma relação superficial e quase ridícula, em palavras que não traduzem e nunca traduzirão afeto.Com o tempo já não sabem definir mais o sentido de amor e respeito ao outro. “Curtem” o momento, o desejo e continuam sozinhos, porque não somos só isso. Precisamos de afagos, atenção, proximidade, encontro, abraços, beijos, toque de mãos, junção de corpos, fusão profunda e absoluta de energia.
Eu, que um dia pensei ter encontrado o amor que tanto procurava, sem fantasias, sem ilusões... Posso me incluir entre as pessoas que hoje sofrem por um dia terem sonhado viver um amor maduro, sem máscaras ou ambições desmedidas.Sem lamentos, percebo que a solidão é sim uma doença crônica que abala as estruturas de todos: crianças, jovens e adultos. Uma doença que precisa ser tratada antes que o sentimento desapareça e as pessoas passem a se contentar com o pouco que não lhes basta.