SOL

O Sol nunca nasce nem se põe do mesmo modo, seja no campo, seja na cidade, seja no mar. Sempre nasce e se põe em beleza, mas, tirante alguns campos abertos, é no mar que se encontra em perfeita liberdade.

Quando um banhista acorda antes de todos os outros e se põe, de pés nus,a caminho do mar, do azul e do Sol; quando se queda diante dos primeiros raios dourados a emergirem das águas,ele, banhista, torna-se espectador de seu próprio nascimento. Sol fora, Sol dentro:simultaneamente.

Quando o Sol se põe, vai morrendo em explosão de cores, vai desaparecendo nas águas em mistério e beleza e, quando o mesmo banhista se percebe também a morrer assim, vive esta morte doce como perfeita transubstanciação do seu corpo nas águas.Como o Sol, caminha para outro modo e espaço de ser, permanecendo o mesmo ser, na eternidade que lhe pertence.