Amadeu - Parte II
Amadeu só amou uma vez
Seus pais somente
Mas depois de suas mortes
Prometei não sentir mais nada
Pois logo o perderia
E infelicidade em sua vida
Já tinha em demasia
Ia ao colégio, dia sim, dia não
Ocupado era
Mas estudo, como dizia seu pai
Era a passagem para o futuro
Não sabia se ele havia inventado isso
Ou ouvido em algum lugar
Mas isso não importava
Pois outras preocupações tinha
Certo dia, quando a escola fora
Percebeu um rosto novo
Linda por sina
Era uma garota nova
Sentiu um calafrio ao olhá-la
Mas perdeu-a de vista
Quem sabe quando novamente
Este rosto veria
Tão simétrico e formoso
Amadeu dormia às vezes
Cansaço do dia
O fizera adormecer
Nestes cochilos que tirava
Com seus pais sonhava
Mas hoje, com a garota nova
Imaginava-se junto
Tão grandioso fora o sonho
Que fora acordado pelo professor
A sala, vazia estava
A aula, acabado tinha
Somente Amadeu e o professor
O qual perguntou
O porquê de dormir em aula
E ele, sonolento, explicou:
“A vida minha é difícil
Trabalho o máximo que posso
Sustento-me sozinho
E mesmo com o meu trabalho
Na miséria fico
Ainda sustento meu vício
Que é pintar
Pinto formas que vejo
Somente por querer saber delas
O segredo mágico
Que as guardam.”
Olhando fixamente para ele
O professor ficou
Entendeu o porquê
Da cara triste daquele rapaz
Percebeu que tudo o que aprendeu
Fosse à vida ou na escola
Era pico, perto das experiências
Que Amadeu tivera
Pediu que Amadeu trouxesse
Na aula que viesse
Uma pintura para ele
Conhecia um curador
E tal avaliaria o trabalho
De Amadeu, o pintor.