Poema sem fim
POEMA SEM FIM
Díspares palavras se derramam,
Perdidas pelas páginas dos livros.
Humildes, buscam convivência,
Caladas, não se encontram;
Descuidadas, vão sem rumo,
Pelo tempo, pela estrada...
Saudosas, não esquecem ninguém,
Não lembram todos os motivos...
Solitárias, falam sobre tudo, sobre nada.
Deslumbradas, olham para trás e para frente;
Apaixonadas, acariciam o tempo que passa,
Corpo da amada, mundo que revida.
Destemidas, herói desabafa, arma transcende,
Amor que destrói ódios: guerra que não mata.
Bondosas, bem que vivifica, anjo que salva,
Seio que amamenta, útero que gera.
Temáticas, qualquer gesto,
Transforma-se em poema,
Na chegada, sem mais nada.
Esperançosas, como o filho desejado,
A quem não se pergunta, se ama,
Ou desama, se dá ou se toma.
Eternas: amor sonhado, paixão criada.
Intensas: alma embebida em chamas,
Marcam a ferro e fogo o coração,
Histórias de amor, sempre incompletas...
Românticas, quanto mais diz, mais quer dizer...
Assim, bem assim, a poesia faz do poeta,
Criador e criatura, palavra por palavra,
Poema sem fim!
Ieda Cavalheiro
Sâo Gabriel/RS - 22/03/1997