Vagabundos na noite
Embrulhados num cobertor fino
encolhidos pelo frio da madrugada
jazem os vagabundos sem tecto
os tristes sem afecto
ou então se olhássemos para cima
lá no quinto andar onde alguém
lágrimas de rejeição
e de barriga cheia
cobertores envolventes
e a janela aberta
apenas para cair
nada mais
Embrulhados num cobertor fino
a pela curtida pelo vento frio
a humidade entranhada até aos ossos
olhavam lá para cima
e que chatice terem que se desviar
para não acabar de vez
porque alguém de barriga cheia
mesmo que de vento
mas com cobertores mais aconchegantes
se mandava para o vazio
à espera de um mundo paralelo
de felicidade e descanso
eterno e de dor para os que ficam
menos para os vagabundos
que já estavam aquecidos
no seu cobertor fino
esburacado pelos ratos
que também procuravam abrigo...