Vagabundos na noite

Embrulhados num cobertor fino

encolhidos pelo frio da madrugada

jazem os vagabundos sem tecto

os tristes sem afecto

ou então se olhássemos para cima

lá no quinto andar onde alguém

lágrimas de rejeição

e de barriga cheia

cobertores envolventes

e a janela aberta

apenas para cair

nada mais

Embrulhados num cobertor fino

a pela curtida pelo vento frio

a humidade entranhada até aos ossos

olhavam lá para cima

e que chatice terem que se desviar

para não acabar de vez

porque alguém de barriga cheia

mesmo que de vento

mas com cobertores mais aconchegantes

se mandava para o vazio

à espera de um mundo paralelo

de felicidade e descanso

eterno e de dor para os que ficam

menos para os vagabundos

que já estavam aquecidos

no seu cobertor fino

esburacado pelos ratos

que também procuravam abrigo...

Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 03/02/2008
Reeditado em 15/04/2014
Código do texto: T844755
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