Suaves Noites
Era um tempo, em que às noites tinham vida própria, não este acúmulo de luzes gases e ruídos, que a invadem hoje.
Eram densas, com perfumes e cores particulares, que nos invadiam os sentidos e nos encantava a alma.
Tive a sorte de nascer naquela época e, poder assim, educar minha sensibilidade, dando vazões à solta, e aos sonhos que tudo aquilo nos provocava.
Filha mais velha de uma professora, que ao enviuvar aos 30 anos, passou a lutar, por um lugar idealizado por ela, numa sociedade machista, paternalista e hipócrita.
Não tivessem aqueles tempos ainda, um ar de paz e sossego, não sobreviveria eu, ao meu espírito sedento de expansões e as cruéis limitações, que os fatores se impunham.
Como tudo na vida tem seu motivo (bom ou não!), aquelas foram, as noites em que embalei e fomentei meus sonhos.
Que diluídos hoje, no reprisar de fatos, me fazem desejar...
Suaves noites!