Dia das Mães
Quando ainda trabalhava como maquinista de Campinas a Ribeirão Preto, eu cheguei numa madrugada em Ribeirão Preto e, encontrando um dos funcionários do pátio de manobras, ele me disse: “Como é vontade de minha Mãe vamos nos reunir, todos os irmãos, cunhados e cunhadas, enfim toda a família. Entretanto, eu gostaria de saber dizer alguma coisa sobre este dia tão sagrado, porém não tenho capacidade de pensar em nada”.
Então eu, cansado, com sono, depois de 15 horas de viagem, fiz esta pequena poesia e entreguei a ele. Depois de lê-la ele me abraçou chorando e me disse: “Você escreveu esta poesia para mim, visto minha Mãe ter falecido há 8 dias, e você não poderia saber deste fato, pois eu nada lhe disse”.
De fato, a poesia foi especial para ele pois nessa época a minha Mãe ainda se encontrava encarnada, junto a nós.
Mãe
O tempo está correndo
Mas de você não esqueço
Os meus cabelos estão embranquecendo
Mas minha vida contigo foi o começo.
Monumento de bondade e amor,
Sei que esta era sua missão
Com sua força, tinha remédio para toda a dor
Quando dava um passo incerto
Você estava sempre por perto
E logo me estendia a mão.
És mãe de todos sem restrição
Mãe do policial, que como aço foi forjado
Mãe do indigente que faz de um cantinho sua janela
Cora, rubra emocionado
Toda vez que pensa nela.
Mãe, para o mundo
Você é carinho amor e bondade
Para mim
Você se chama saudade
Laércio Rossi
Maio de 1970