www.olhares.com
CARROÇÃO DO TEMPO (dos polacos)
"...executo meus versos na flauta de minhas vértebras..."
(Maiakóviski)
Já faz um numero de poentes,de sapatos gastos,que o carroção dos polacos apeava com seus cavalos mansos
à porta do bangalô de madeira,de janelas cor de musgo, na Vila Guaíra,com o comércio das porcelanas.Vinham acondicionadas em caixotescom palha de milho,e eram trazidas da cidade de Campo Largo.
Ficávamos dependuradas eu, e minhas irmãs, nos sarrafos da cerca,mastigando a lanha das felpas, como trapezistas ansiadas,com os olhos brilhantes espiando as compras.A polaca de lenço branco até a testa,
tinha a pele enferrujada como a minha e minha mãe orgulhosa, ia montando palmo a palmona cristaleira nova de pinho envernizado,dos móveis novos da sala de jantar,a louçaria delicada que comprava, uma a uma à prestação,e que vinha como relicário,transportada pelos estradões de pó virgem,por aquele pesado carroção...
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net
CARROÇÃO DO TEMPO (dos polacos)
"...executo meus versos na flauta de minhas vértebras..."
(Maiakóviski)
Já faz um numero de poentes,de sapatos gastos,que o carroção dos polacos apeava com seus cavalos mansos
à porta do bangalô de madeira,de janelas cor de musgo, na Vila Guaíra,com o comércio das porcelanas.Vinham acondicionadas em caixotescom palha de milho,e eram trazidas da cidade de Campo Largo.
Ficávamos dependuradas eu, e minhas irmãs, nos sarrafos da cerca,mastigando a lanha das felpas, como trapezistas ansiadas,com os olhos brilhantes espiando as compras.A polaca de lenço branco até a testa,
tinha a pele enferrujada como a minha e minha mãe orgulhosa, ia montando palmo a palmona cristaleira nova de pinho envernizado,dos móveis novos da sala de jantar,a louçaria delicada que comprava, uma a uma à prestação,e que vinha como relicário,transportada pelos estradões de pó virgem,por aquele pesado carroção...
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net