Quando Ana me disse passe o sal.
Balbuciando. Falou balbuciando. Foi bom. Como foi bom. Balbuciando me dissera algo que arrebentou meus ouvidos, minhas energias e botou no chão estirado. Foi mais ou menos um "eu te amo" só que sem ser. Como quem pede requeijão ao invés de manteiga, ou como quem, sem querer, aperta o número errado no elevador. Foi um doce equívoco que desestruturou o que eu sabia,que sucumbiu com minhas certezas mais certas.
Que dia! Ouço lá fora aquela quantidade de tecnologias e invencionices, carros a gás, pessoas a gás, cachorros a gás, arvores que falam, crianças que choram, sirenes que apitam, tudo a gás. Alias encontraram mais gás. E ela balbuciou. Que maneiro, que massa, que supimpa, que legal, genial, extraordinário, nossa.
Nada mais faz tanto sentindo que esperar dela algumas outras palavras que não sejam requeijão ao invés de manteiga, que não sejam enganos corriqueiros, que sejam a pura verdade de quem tem absoluta certeza do que diz. Que dia!