TALENTO TRANSCENDENTAL

Às léguas, minha sentimentalidade candeia-se

Perdida vaga em lugubriosas ressonâncias

O encalçado cavaleiro andante caiu em si

E daqui meu cóccix sentiu a dor, ó vernácula queda,

Pois em mim terminam as nervosas máculas

Que se dão ou se darão em seu corpo e em sua alma

(Aquela suposta partição é meramente de cunho didático)

E esperando estou sua medicação, daqui mentalizo

A mistura de mentol e eucalipto sendo pretérito

E resfrialdando a roxidão temerosa para que ele

Recupere-se e de todo venha em seu cavalo (já amarelo?)

É provável que tenha visto de tudo, desgraçadamente,

Ele tende a se sentir o tudo mesmo ao seu redor,

É porque essa consciência, única que lhe deram

O prende dentro e de dentro de outra não se sente.

Concretas torres que descerei ligeira à sua chegada

Junto ao concreto ligeiramente e lá ao chão montarei

No lombo do seu cavalo e eu irei convosco, cavaleiro.

Convosco eu irei, sentindo as dores todas desse parto porque

Também possuo um talento transcendental em senti-las.

Kadja Ravena
Enviado por Kadja Ravena em 27/01/2008
Reeditado em 18/09/2008
Código do texto: T835529
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