TALENTO TRANSCENDENTAL
Às léguas, minha sentimentalidade candeia-se
Perdida vaga em lugubriosas ressonâncias
O encalçado cavaleiro andante caiu em si
E daqui meu cóccix sentiu a dor, ó vernácula queda,
Pois em mim terminam as nervosas máculas
Que se dão ou se darão em seu corpo e em sua alma
(Aquela suposta partição é meramente de cunho didático)
E esperando estou sua medicação, daqui mentalizo
A mistura de mentol e eucalipto sendo pretérito
E resfrialdando a roxidão temerosa para que ele
Recupere-se e de todo venha em seu cavalo (já amarelo?)
É provável que tenha visto de tudo, desgraçadamente,
Ele tende a se sentir o tudo mesmo ao seu redor,
É porque essa consciência, única que lhe deram
O prende dentro e de dentro de outra não se sente.
Concretas torres que descerei ligeira à sua chegada
Junto ao concreto ligeiramente e lá ao chão montarei
No lombo do seu cavalo e eu irei convosco, cavaleiro.
Convosco eu irei, sentindo as dores todas desse parto porque
Também possuo um talento transcendental em senti-las.