Pelos cafezais
Pelos canaviais antigos,
Pelas tuas terras inexploradas,
Pela Veneza de palavras estranhas.
Pelos teus engenhos,
Pelas tuas Histórias,
Pelas tuas Ruas,
Pelos moinhos de tuas águas...
Por tuas águas que a nós nos trazem lembranças,
Pelas onduladas idas e vindas de muitos brasões a bordo de tantos navios,
Pela perda de uns e pelo nascimento de outros,
É por isso que perdura até hoje o nosso orgulho...
Pela força de muitos que fugiram,
Pela memória de muitos que ficaram,
Pela inocência de todos que morreram,
Pelo nascimento do tributo e da forçosa conversão,
Por tantos outros que se interiorizaram em seus distantes refúgios.
Por tudo quanto somos hoje,
Por tudo quanto éramos ontem,
Pelos caminhos traçados pela Iád Eterna.
Pelo futuro que nos chama para a chama Sh´ma.
Pelo Sh´ma, saibam os povos,
Que pelas ruas desta Veneza,
Ainda vivem, até nos interiores do pó de toda uma história viva,
A tradição que arvora o símbolo da Estrela,
Tradição que fôra desenhada pelo meio dos teus canaviais e dos teus cafezais.
Quer do Gibão, quer do cangaço que se amarra ao meu peito,
Pelo pó das águas da minha memória,
Dos traços e rastros dos chinelos amarrados à nossa história,
És a Veneza que viveu a nossa glória,
A Veneza que foi palco de um cenário que também nos fez escória,
Que hoje é lembrança amarrada Marrana,
Que se amarra ao grito de Saverim Maranan num Kidush,
Pela nossa amarrada comemoração semanal,
Que fez desta Veneza uma testemunha,
Testemunha da estrela, das águas, das velas,
Das palavras repetidas da nossa tradição...
Da ponte do passado e do presente,
Das nossas histórias marranas escondidas pelos caminhos,
Por nossas memórias marranas rastreadas pelo destino,
Pelos moinhos,
Pelos engenhos,
Pelos cafezais de nossa história...
Carlos José Maciel Alves.
P.S.: Esta poesia está devidamente registrada em cartório no nome do autor. Toda reprodução sem a devida autorização sofrerá as sanções penais previstas em lei.