Toga
Sou minha própria denúncia,
O meu próprio juiz,
Sou as testemunhas,
De tudo que fiz.
Sou minha condenação,
A minha anistia,
Minha aniquilação,
Ou, quem sabe,
Só hesitação.
Sou meu próprio disfarce,
Engano-me,
Minto-me,
Troco de máscara...
Olho-me no espelho e me vejo,
Vejo as minhas máscaras que caem lentamente uma a uma...
As máscaras são minhas, minhas,
Elas são minhas e só servem para os outros.
Será?
Na minha própria denúncia coloco uma vírgula,
Para que amanhã eu mesmo me absorva.
Afinal, sou juiz de mim mesmo,
Sou testemunha,
Sou gracejo,
Sou advogado do medo,
Que desvenda segredos,
Que acinzenta o colorido da falsa verdade,
Abandonando o medo de ser Ela,
Assumindo a verdadeira face do Eu,
Sendo minha própria denúncia,
Meu próprio juiz,
Minhas testemunhas,
O que falei não lembro,
Lembro de quase tudo que fiz.
Claro que minto.
Minto por que me mentem,
Mentem,
Mente,
Monte nas celas dos cavalos místicos da linha que separa a mentira da verdade,
Seja sua própria denúncia,
Sua verdade,
Use suas máscaras e não às minhas,
Disfarce o quanto quiser,
Não espere por mim...
Coloque suas próprias vírgulas em suas próprias sentenças...
Sou juiz de mim mesmo,
Seja juiz de si mesmo,
Denuncio-me,
Denuncie-se!
Julgo-me,
Julgue-se!
Testemunho-me,
Testemunhe-se...
Absorvo-me das máscaras que me fizeram usar...
P.S.: Esta poesia está devidamente registrada em cartório no nome do autor. Toda reprodução sem a devida autorização sofrerá as sanções penais previstas em lei.