PARADOXOS
Já pedi perdão por pecados não cometidos,
E não confessei pecados maiores;
Já chorei por dores imaginárias
E superei sofrimentos verdadeiros;
Já me assustei com minha sombra
E enfrentei inimigos reais;
Já fugi de medos inventados
E enfrentei dragões enfurecidos;
Já temi perigos pequenos
E lutei contra grandes ameaças;
Já sorri com o coração cheio de lágrimas
E chorei com o rosto iluminado pelo sorriso;
Já plantei uma árvore
E uso papel não reciclável;
Já perdoei mágoas insuportáveis
E me fechei contra pequenas agressões;
Já me perdi em caminhos quase retos
E me encontrei em labirintos escuros;
Já escalei montanhas íngremes
E me cansei nas planícies;
Já li em línguas que não conheço
E não entendi quando falavam minha língua,
Já rezei quando todos praguejavam
E disse heresias quando deveria agradecer,
Já fui humilde, quando esperavam autoridade,
E autoritária, quando precisava ,apenas, ser compreensiva;
Já errei tentando acertar
E acertei quando tudo parecia perdido;
Já me desfiz pensando estar nascendo
E renasci quando pensei estar morrendo;
Já disse nunca mais
Para logo em seguida voltar atrás;
Já jurei nunca mais amar
E encontrei você que me fez mudar;
Já fiz tantas coisas
E deixei de fazer tantas outras,
Mas amar você foi, com certeza,
A mais humana de todas elas;
Pois tudo que passei ou que fiz
Só faz sentido quando estou com você.