Nó
Sinto-me só.
Sinto, só.
Garganta que dói,
Que quer desatar o Nó da minha prisão.
Garganta,
Explore meus caminhos sombrios,
Descubra minhas mágoas e tristezas,
Ajude-me a gritar!
Faz a ponte e crie caminhos entre meu Nó e meu coração.
Ajude-me a chorar um pouco,
Só derramar uma lágrima,
Sorrir para mim é muito,
Sentir é demais,
Falar do teu silêncio, jamais.
Estou encavernado, preso por um Nó,
Sinto frio, estou perdido,
Só quero desatar este Nó.
Dor vocal que fala de silêncios,
Nó que quer ser laço,
Nó que é palavra, que é grito,
Que rasga minha pele,
Que comprime meu pomo.
Meu Nó,
Por que és Nó?
Por que não és laço?
Só és silêncio comprimido.
És Nó porque és nódoa que não saí,
És laço disfarçado,
És tecido rasgado,
Que até remendado,
Se desfaz. Alcatraz.
És Nó, Dor, Ar, Ah!
És Nódoa.
És lento compasso,
Que trás da vida, o passo,
És mistura, és traço,
Do presente ao passado,
O momento parado, distante,
Que tão perto se faz.
Nó,
Não tens dó?
Só sou pó!
Estou só.
És dor salgada,
Salobra, malvada,
Que guarda a entrada,
Do meu coração.
Sai nó!
Deixe-me Nó!
Deixe-me só! Só!
Libera a entrada,
O caminho, a estrada,
Da dor liberada,
Que hoje presa se faz.
Desfaz-se o Nó,
Num esforço sem dó,
Me resume ao pó,
Em um grito só.
O alívio do Nó,
Desfaz-se por si só,
E que só por ser Nó,
Me machuca sem dó.
O Nó é Timoneiro mor,
Que me conduz ao lento suicídio,
Que me faz Ser Contrito,
E Faz de minha única lágrima, o grito,
Sem dó, ser um Nó restrito,
Só dor sem dó meu Nó, é ser Nó infinito,
Do finito que lamenta ter Nó, sem ter grito.
Carlos José Maciel Alves
P.S.: Esta poesia está devidamente registrada em cartório no nome do autor. Toda reprodução sem a devida autorização sofrerá as sanções penais previstas em lei.