[Viés dos Caminhos: Minha Frágil Paliçada]
Não escrevo poemas, isto é certo!
Ao escrever, eu não tenho intenção
de fazer com que os outros sintam
o que eu sinto — falta-me talento...
Eu apenas expresso sensações...
ou pior: desejo de sensações,
prelibações exacerbadas pela solidão,
pedaços da vida que poderia ter sido...
A Morte já dispôs suas tropas,
seus cavalos negros relinchantes
empinam-se diante da minha frágil paliçada —
tudo que toco se desfaz,
toda água tem gosto ferruginoso,
todos os projetos sofrem de ancilostomose,
todas as estradas se fecham,
todo o céu desaba à toa no brejo da vida,
já não luto com as estrelas...
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[Penas do Desterro, 25 de janeiro de 2008]