Castelo de Cartas
O sistema é um castelo de cartas construído por nós no dia a dia. Nessa obra, somos os pedreiros. Os mestres são os donos das ideias.
A ideia, ideologia por trás dessa construção se disfarça de normalidade, senso comum, o que deus quer, o que é certo, fazendo que outra forma contrário de ideia seja também antagônica em sua interpretação: anormal, subversivo, "coisa do diabo", o que é errado. As palavras, pobres coitadas, pouca culpa tem no caso. Elas são neutras. Nós que as inventamos e ora lhes damos um significado, ora outro. Quem as diz ou escreve usa o que sabe e o que não sabe para dizer aquilo que quer que seja entendido ou aceito.
O mestre desfrutando da vida no castelo não quer ver sua realeza desfeita e transformada naquilo que realmente é: nada mais que qualquer um, um corpo nu, apenas outro ser humano perdido em um planeta perdido em universo imensurável. Suas certezas desabariam junto com o castelo de cartas que o mantém na posição de mestre. Sua vida, o personagem que representa na sociedade perderia o sentido. Sua única posse, o pouco conhecimento acerca de algum dos conhecimentos que criamos ou acerca do mundo ou do universo (também imensuráveis em complexidade), o faria tão sábio quanto aqueles que não podem teorizar o que sabem por não saberem escrever.
De longe muitas pessoas olham este castelo e desejam estar nele. Seguem os mais diversos caminhos para alcançá-lo, porém perdem a si mesmas no meio da estrada.