Em Silêncio
Esperei.
Até o tempo se curvar.
Esperei enquanto ele calava...
até virar ausência viva no espaço,
...no ar ao redor,
...na casa onde eu existia sozinha.
Esperei.
Não por fraqueza,
mas por integridade.
Porque quem ama de verdade espera até entender que não tem retorno.
E eu entendi.
Não teve gesto,
não teve entrega, nem presença.
Teve muro, teve recuo,
teve o eco dos meus gestos, dos meus sentimentos.
Então agora eu vou.
Pura e limpa.
Com o peito despedaçado,
sem culpa.
Porque se tem algo que eu fiz —
foi tudo.
Saio em silêncio.
Não por frieza —
mas por respeito ao que senti.
Dentro de mim,
não grita a liberdade,
mas uma canção rouca
feita de adeus e amor sobrevivente.
Ainda dói.
Mesmo certo,
ainda corta.
Porque amar sozinha
também é amar.
E o fim,
mesmo quando preciso,
tem um preço.
Mas eu vou.
Com a alma em carne viva,
e o passo firme.
Porque a dor não me impede —
ela me empurra.