Silêncio Retumbante

Um silêncio retumbante

ecoava dentro de mim.

Atingia o âmago.

De repente, o meu grito

se perdeu no tempo,

e eu me vi numa estrada longa e pesada,

que me pareceu molhada

pelo orvalho que vinha da mata ao redor.

A noite chegou de repente

sem que eu houvesse percebido,

e continuar caminhando

não era uma opção.

O frio tomava conta do meu corpo

e eu sentia os meus pés se esforçando na areia,

enquanto eu via as luzes da cidade

não muito ao longe.

O som das ondas

chamou a minha atenção

para o tênue brilho das águas na escuridão.

Todas as distâncias estavam fora de alcance.

Todos os meus passos

me levavam a lugar nenhum.

Tinha um desejo crescente,

uma necessidade suprema

de caminhar para longe de mim.

Eu estava sozinho

com o meu dilema,

mas não estava só fisicamente.

A minha avidez era pela escuridão,

pelo silêncio da solidão,

pela ignorância

da minha própria existência,

pela necessidade estúpida de não existir.