Seis

Tão difícil dizer adeus a quem se ama. Soltar os laços e mãos com o coração repleto de paixão, amor, encantamento. Abrir mão dos planos, sonhos e incertezas. Deixar ir. Despedir com beijos, abraços, suor e lágrimas. Dói. Muito. Rasga. Dilacera. Coração estilhaçado. Mas, a vida ensina que o tempo cura. Que tudo isso não é o fim do mundo. E sim o começo de outro universo. De vastas terras inabitadas. De individuação e unicidade. Outro mundo onde já não existe nós. Onde é preciso reaprender a ser sozinho. E quem já é dono do próprio castelo, senhor de seu reino e amante de si mesmo só vai aproveitando os dias que passam e levam a dor embora para se reencontrar e fazer dos cacos o caos de um recomeço. Onde tudo ainda é escuridão e a luz vai se fazendo sol bem aos poucos.

A vida nos ensina a ser gratos por tudo o que foi vivido. Por todos os novos caminhos trilhados. Pelo tanto que se aprendeu e cresceu enquanto parte de um outro. Por todas as palavras ditas em sussurros, as palavras gritadas com alegria, palavras duras que nos fez enxergar verdades veladas até então. Pelos olhos que nos contavam estórias. Pelos braços que nos envolviam e protegiam como se não existisse perigo nenhum no mundo. Pelos abraços que foram abrigo. Pelos beijos que fizeram acreditar novamente no amor. Por toda felicidade compartilhada. Agradeça a esse amor que te mostrou alguém que jamais poderia sequer imaginar que existia em ti.

É difícil. Mas o verdadeiro amor é o que liberta. É o que traz leveza e calma até na hora do adeus. É aquele que se vai lindo, sereno porque não há mais espaço para existir. Amor, de verdade, sabe se perpetuar na eternidade de um coração partido se transmutando em outro tipo de sentimento, de parceria, de amizade. Amor verdadeiro é aquele que será o lenitivo, o bálsamo que vai fechar a ferida e o vazio deixado por alguém que se foi.

*Si*