Pai

As dores que carrego no bolso tem o peso da culpa de não poder abraçar o mundo, aquele que construíamos à mão em tardes de domingo.

Quando tudo estava caindo e eu não pude segurar os escombros daquilo que restou, pois minhas mãos eram finas demais e meu corpo miúdo. Fui devorada, engolida e cuspida numa terra de ninguém, onde os pesadelos tomam forma de pessoas más.

Me apeguei a ideia de que um dia conversávamos, Deus era o Sol e riamos, numa gargalhada boba de quem ama a vida. E nesses momentos, sentia que nunca estaria só, não enquanto os raios me iluminassem.

Mas não há claridade naquilo que restou de mim, presa a fabulações que fogem do final feliz. E agora? O que será de mim?

O que restou de nós?

Jay sem z
Enviado por Jay sem z em 22/03/2025
Código do texto: T8291290
Classificação de conteúdo: seguro