Pai
As dores que carrego no bolso tem o peso da culpa de não poder abraçar o mundo, aquele que construíamos à mão em tardes de domingo.
Quando tudo estava caindo e eu não pude segurar os escombros daquilo que restou, pois minhas mãos eram finas demais e meu corpo miúdo. Fui devorada, engolida e cuspida numa terra de ninguém, onde os pesadelos tomam forma de pessoas más.
Me apeguei a ideia de que um dia conversávamos, Deus era o Sol e riamos, numa gargalhada boba de quem ama a vida. E nesses momentos, sentia que nunca estaria só, não enquanto os raios me iluminassem.
Mas não há claridade naquilo que restou de mim, presa a fabulações que fogem do final feliz. E agora? O que será de mim?
O que restou de nós?