As últimas férias
Foi num fim de tarde qualquer que percebemos...
Os pés descalços já não corriam tão rápido, as risadas não eram tão fáceis e altas, e o tempo, antes infinito, começou a urgir.
As bicicletas enferrujaram, cartas dobradas mofaram num baú esquecido, promessas feitas sob a luz das estrelas se dissiparam feito neblina na manhã.
Um dia, sem aviso, deixamos de caber nos esconderijos secretos, nos sonhos exagerados e nos abraços apertados de quem não sabíamos que partiria cedo.
E então a infância nos soltou a mão, e a adolescência queimou como fogos de artifício: rápida, intensa e linda, até que desapareceu no céu.
Ficamos apenas com o eco de antigas melodias, cicatrizes de tombos esquecidos e a saudade de um tempo que não percebemos que um dia acabaria, até ser tarde demais.