uma prosa sobre enlouquecer

A televisão não liga, alguma peça deve estar com defeito, pego notebook, a tela encandeia minha retina, meu óculos está caindo do meu rosto, a haste direita está quebrada, faço o movimento clássico com o dedo indicador, ajusto a posição novamente só para segundos depois repetir o mesmo movimento, então penso comigo mesmo, estou maluco. Mais uma noite que perco a cabeça, minha mente é um balão e está subindo e subindo até atingir a parte pontiaguda daquela nuvem que tem formato de um peixe-espada. Eu vou chacoalhar algumas mãos, errar olhares, tropeçar em algumas palavras e o ciclo se repete. Eu me convenço que não preciso de ajuda, minhas pernas balançam, o quarto está um breu, a madrugada é repulsiva, a não ser por uma distração sonora, coloco David Bowie para ouvir enquanto escrevo uma prosa sobre enlouquecer, e paradoxalmente tentando não enlouquecer.