EFÉSIOS 5:25
Ao estabelecer a relação entre um casal e o amor de Cristo pela Igreja, Paulo gera uma compreensão mais profunda do que significa amar verdadeiramente. Não se trata de um amor baseado na merda conveniência ou em sentimentos passageiros, mas sim que se manifesta na entrega, no sacrifício e na dedicação incondicional.
Essa passagem reforça a ideia de que o amor, quando modelado em Deus, não pode ser egoísta ou desconexo sem motivo. Ele deve ser oblativo, ou seja, centrado na doação de si mesmo.
Cristo amou a Igreja de maneira absoluta, entregando-se por ela, não por simples mérito, mas por graça. O ser humano, seguindo esse padrão, é chamado a um amor que não exige perfeição de seu parceiro para existir, mas que se mantém firme mesmo diante das imperfeições. Esse amor não se limita a palavras ou gestos superficiais se concretiza no serviço, no respeito e na renúncia de tudo o que é negativo pelo bem daquele que entrega o puro amor e que merece ser amor reciprocamente.
Essa passagem ressoa com a ética do amor ágape, conforme se apresenta em 1 Co 13:4-7, onde o amor é paciente, bondoso e não busca seus próprios interesses. O amor cristão é um compromisso que ultrapassa qualquer lógica transacional.
Do ponto de vista existencialista, podemos perguntar: qual é o significado último desse chamado ao sacrifício? Se para Nietzsche o amor reflete uma relação de poder, e para Sartre pode se tornar uma tentativa de posse do outro, essa passagem bíblica aponta para uma alternativa divina: o amor como entrega que liberta. Assim como Jesus não oprime sua Igreja, mas a redime, o amor verdadeiro em um vínculo cristão deve ser libertador, edificando ambos na graça.
Hoje em dia, o amor, muitas vezes, é relativizado e condicionado às emoções momentâneas e à incredulidade na incapacidade de se amar alguém. Porém, eis que se exprime um chamado ao resgate do compromisso autêntico. Amar como Cristo amou significa ir além do individualismo e do desejo de gratificação instantânea. Implica a construção de um laço inquebrável baseado na fidelidade, na paciência, na fé e na disposição de carregar os pesos um do outro para toda a vida.
Assim, não é apenas um texto sobre matrimônio; é uma chave hermenêutica para entender o amor em sua essência mais valiosa.
Que amemos sem reservas, sem dúvidas e sem medos, quando a verdade se faz presente e quando o ser humano é colocado acima de qualquer bem material e somente abaixo de Deus, pois é o amor d'Ele que dá sentido à nossa existência.