Férias de Mim

(Prosa poética)

Antonio Souza

 

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Hoje vai ser assim, vou tirar férias de mim mesmo; já vou dizendo pra ti “despertador”, não me encha, não vais tocar... muito menos, me acordar - pronto, desliguei... só depois quando eu quiser, aí sim, vou levantar.

 

É isso mesmo, há tempos que eu preciso, não sei no que vai dar também não quero saber, farei tudo que quiser; do jeito que eu quiser. Chega de me policiar.

 

Não, não vou ligar pra ninguém... é sempre assim, eu que ligo verei se alguém vai se importar, não quero saber, não mesmo já me acostumei, melhor pra mim.

 

Hoje a cachorrada pode latir, podem urinar, podem sujar... não quero saber... podem até ficar na sala no quarto em qualquer lugar... vou até gostar... é vou sim, vou pensar... deixa, pode ficar.

 

Vou andar por aí sem me notar, mas não vou sumir. Também não sei, se sumir - sumi terei sumido, pelo menos pra mim mesmo, vai sim, vai ser assim...

 

Não vou ligar pra roupa, que importa a cueca, a calça a gravata muito menos o sapato. Eu, hein! Pra que, pra que?

Basta, hoje não.

 

Pode ultrapassar pela direita, não vou xingar,  já nem falava, só pensava, hoje nem isso. Não vou nem olhar; - Vai, vai ser feliz; - Vai se encontrar...

 

Vou comer por aí, não sei o que, mas vou comer. Não vou perder tempo em escolher, quem me atender vai escolher por mim

 

- Pode ser sim, claro, pode ser; É o que eu vou dizer.

- Vai beber alguma coisa?

- Sim,

- o que?

- O que você acha?...

- Ta; ta bom, pode ser, se quiser por gelo ok!

Senão tudo bem, tá tudo bem.

 

Se alguém sentar e quiser conversar, ok!

- Meu nome? O que você acha, diz aí?

Diz aí..., qualquer um, como você quer me chamar?

João? Chico? Zé? Alfredo? Pronto, é esse aí...

Ficamos assim, também não precisa me dizer o seu.

 

Também, hoje; Não vou ouvir as músicas que mais gosto, esqueça! Marisa Monte, Barbra Streisand, Bee Gees; adoro vocês, mas hoje; hoje não! Por favor, hoje não. Hoje não me permito nem assoviar, hehe..

 

Não, triste não; não vou aparentar, Se alguém perceber, vai se enganar, vou disfarçar; posso mentir e até jurar, mas triste, não, isso não, nunca, tristeza nem pensar. Vou estar alegre, bem alegre, só não posso chorar.

 

Por que, hoje vai ser assim? Alguém pode perguntar; Pois é, e se eu gostar; serei assim? Cadê eu, onde eu estava como foi que eu fiquei? Melhor, mais leve; não sei.

 

Quer saber também não vou pensar em ninguém; Não, não vou beber... " .... se alguém, um certo alguém pra mim telefonar, não estou... Se alguém a voz de alguém..."

 

Estou indo, não posso me esquecer, tirei férias, férias de mim mesmo até o anoitecer... leia logo, posso me arrepender.

 

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Antônio Souza

(Escritor/Poeta)

 

Música:

https://youtu.be/mkT8vlmuOeY

Milton Carlos - Se alguém telefonar

 

www.antoniosouzaescritor.com