O preço
Há um preço que ninguém vê, uma moeda sem cara ou coroa, que pagamos em silêncio. Cada escolha tem seu custo, cada renúncia é um débito lançado no livro caixa da existência.
O preço de ser quem se é, esse ninguém pode calcular, só quem habita sua carcaça sabe o peso dela. O preço da liberdade é a solidão que espreita nas noites sem amarras. O preço do amor é a vulnerabilidade, uma entrega de si que pode se tornar dívida impagável.
Há quem pague para pertencer, se dissolvendo no outro até não saber mais onde começa ou termina. Há quem pague para ser livre, mas que acaba descobrindo que a liberdade cobra juros altos, como a incompreensão, a distância e a falta de abrigo quando os ventos mudam.
O preço do silêncio grita por dentro. O preço da fala expõe ao julgamento. Quem se cala morre aos poucos, quem se expressa é ferido.
Trabalhar até o corpo gritar, sonhar até a realidade sangrar, fugir até não saber mais o caminho de volta, tudo tem um preço. O prazer, a culpa, a ousadia... até o medo cobra seu tributo: a vida que se deixa de viver por receio de perder.
A ironia é que no fim sempre pagamos - mas nunca sabemos se compramos o que realmente queríamos.