"Prosa despudorada"

Transo com a noite, mas me entrego ao dia;

Quero por amante o ébrio desejo da esquina,

E por esposo, o lúcido vislumbre da luz.

Por travesseiro, tenho ainda a fronha;

Mas por cima do colchão o atrevido lençol.

Enquanto um acolhe minha cabeça – ainda que desvairada;

O outro excita meu corpo em repouso.

Sê ilícito, escrevo.

Se te libera a alma, acomete-me a loucura de enredar-te em minha

singela prosa...

Então te faço dela a cadência, a poesia por ora explícita e

despudorada.