Num canto da boca

Ela se ria por dentro. Num canto da boca, em ato quase imperceptível, me mandava beijos alucinados de paixão e enlevo. Eu era só e tão somente só felicidade. Dessas que não se veem hoje nos olhos dos namorados. Mas nem tudo corria como queríamos, o tempo malvado e insosso, nos desgovernavam de tal sorte que eu, que sou meio doido ou doido e meio, e como quem tem vontade de gritar, não gritava. Assim me debulhava no colo dela, que mais parecia uma cama de nuvem espessa, renovada de vento sul em total silêncio.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 08/03/2025
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