sobre a verdade, gotas de pensamento

A evidência, querida,

não é a essência da verdade

às vezes, a verdade não é tão verossímil assim

Tanto é possível que nem perto disso passa,

que, às vezes, o aparente impõe mais credibilidade, que a própria verdade

Mas...

O que é a verdade?

Ou, o que é isso que chamam verdade?

Um conjunto de acertos e concordâncias mútuas, que se contrata entre partes?

Ou será apenas, a impossibilidade de chamar de verdade o que não se consegue provar negando-a, pois, afinal, a verdade tem em si uma áurea positiva.

Se se atribuir à verdade alguma fagulha de negatividade, se dirá que a verdade positiva não é, então, negativa será, e verdade não será

Como se vê, querida,

de tantas possibilidades, a verdade não está coroada, nem coberta, com o manto da irrefutabilidade. Se assim fosse, verdade é, que verdade não seria, mas, tão somente, seu hiperdimensionamento. Noutras palavras, o que se pretende irrefutável, inquestionável, torna-se axioma, torna-se imposição.

O que é a verdade?

Pergunta sem resposta definitiva, pois, se assim se configurasse, axioma tornou, e a roda dos fanatismos dará seus primeiros giros, e novas testemunhas, ou vítimas, irão surgir, de tempos tenebrosos

Como se vê, querida,

se há alguma verdade na falta de sua definição, é que nada é absoluto, nem a própria ideia de absoluto.

A transitoriedade, em si, é o que move a busca pelo conhecimento. É essa transitoriedade que nos faz andar.

Como se vê, querida,

apenas esse desejo, esse lampejo, essa possibilidade da busca pelo novo, é que nos faz humano, demasiado, humano. Humano instituído e constituído de suas certezas e contradições, de sua, ou uma, humanidade que se expressa e se revela já nos primeiros passos de sua breve existência.

O que é a verdade, querida?